sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Capítulo 8 – Feliz Natal



Até que em fim todos foram embora, eu queria dormir! To na estrada à umas duas semanas e por mais difícil de acreditar, até eu durmo. Bem, noite passada foi com uma garota, mas sejamos francos, eu não dormi.
Enfim achei a solução para meus problemas: Dormir. E tenho um dia inteiro para isso!
BEHH!!
Que merda é essa?
TOC TOC!!
Mas que merda, tem alguém na porta. Quer saber? Bela bosta. Vou dormir.
BEHH!!
Filho a puta! Para! Porra, vou lá ver.

“Fala logo, ta querendo o que?”
“Bull, eu... ai meu Deus! Você ta pelado?”
“Não, minha calça cor de pele tem uma tromba. É claro que eu to pelado”
“Mas você não devia atender a porta assim!”
“Puta que pariu, você fica tocando a merda da campainha pra me falar que eu não devo ficar pelado na minha própria casa?”
“Não, mas os bons modos...”
“Cala a boca! Quem é você”
“Sua mãe Bull. Vim te chamar pra comer...”
“Eu já não te disse que não te comeria?”
“Porra Bull, ouve!”
“Desculpa mãe”
“Então, é natal hoje, eu vim te chamar pra comer peru lá em casa, na ceia hoje”
“Certo, conte comigo”
“Jura?”
“Não”

Há! Esse barulho da porta quebrando o nariz dela é muito divertido. Agora, o que eu ia fazer mesmo? Acho que eu ia comprar alguma coisa. Foda-se, vou no mercado e vejo lá o que eu quero comprar.
Essa rua. Essas pessoas. E não é que eu me lembro do lugar? As pessoas daqui me amavam. Ta vendo aquele cara ali com o colete de lã listrado? Ele tinha um Opala e eu não. Hehe.

“Bull Bufalo Head?”
“A onde? Ele me deve dinheiro!”
“Espere, tenho certeza que é você!”
“Ta bom. Você me pegou, sou eu Eric”
“Eu sou Fred!”
“Tanto faz”
“Você rouba meu carro, não sabe meu nome, me deve no mínimo respeito!”
“O que? Haha! Por que eu devo respeitar um cara que usa suéter listrado?”
“Magoou meus sentimentos!
“Considere meu presente de natal”

Esse cara é uma comédia. Odeio ele falando, mas suas roupas são muito engraçadas. Ali o supermercado, vamos ver quanto eu tenho. Droga, não tenho nada.

“Oh Eric, volta aqui!”
“É Fred!”
“Tanto faz, vem logo”
“O que você quer?”
“Me empresta 100 pratas?”
“100 pratas? Ficou louco?”
“Não me faça tomar de você!”
“Não dou!”

[Alguns milésimos de segundos depois]

“Ei rapaz, sabia que você pode ir preso por isso?”
“Por que ein seu guarda? Vai me prender?”
“Não, era só um nerd. Mas paga 20”
“Eu só tenho uma nota de 100”
“Flexões, idiota!”

[Vinte flexões depois]

“Isso é por tentar me forçar a fazer flexões, guarda idiota. Da próxima fez vai pagar 500!”
“Desculpe senhor Bull”

Guarda folgado! Só porque é natal acha que eu posso ficar pagando flexões. É um babaca mesmo! Agora sim, ao supermercado.
Bem, vejamos, tenho 100 pratas. Preciso beber algo: Jack Daniel’s. 70 pratas. Sobram... É... Acho que 50. Então preciso gastar o resto com algo bem útil. Meu Deus! Que foda! Charutos Cubanos! E o melhor: É por 55 pratas, exatamente o quanto sobrou!
Onde é o caixa? Já sei! Vou seguir as flechas. Vejamos. Acaba aqui. Mas isso não é o caixa. É um papai Noel.

“O que você quer meu filho?”
“Quero uma bicicleta!”
“Hou Hou, que legal!”

Fala sério, trabalhar disso deve ser uma merda. Mas vamos tentar. Vou entrar na fila.

“Você quer o que meu filho?”
“Eu quero uma Harley Davidson”
“Hou Hou, muito bom! Tome essas balinhas”
“Balinhas? Eu peço uma Harley e você me da balinhas? BALINHAS?”
“Bem eu só...”
“Bem eu só é o caralho!”

Pronto. Esse velho levou a porrada de sua vida.

“Você nocauteou o papai Noel!”
“É. Eu sei”
“Agora você vai ter que ser o papai Noel”
“Não vou ser porra de pai de ninguém”

[Pouco tempo depois]

“Papai Noel, eu... Você é o papai Noel?”
“Sou”
“Mas você não parece com ele”
“É porque ele não existe. Próximo!”
“Papai Noel, eu quero um Max Steel”
“Larga a mão de ser Gay moleque, toma isso”
“O que é isso?”
“Um charuto. Você fuma e solta a fumaça”
“Que graça tem nesse brinquedo?”
“Você pode... É... Você fica maneiro!”
“O que é ser maneiro?”
“É você... Vou te dar um exemplo. Menininha, vem aqui. Pronto, ta vendo essa menina, garoto?”
“Estou”
“Então, essa camisa que ela ta rasga fácil olha”
“Você arrancou a camisa dela!”
“Eu sei. Agora presta atenção. Isso que ela ta usando é um sutiã. Atrás tem uma travinha. Solta essa travinha”
“Ta. Senhor papai Noel, eu não to conseguindo”
“Deixa que eu arranco então. Pronto. Agora ela ta sem sutiã. Põem a mão nos peitos dela. Isso garoto. Como se sente?”
“No paraíso”
“Isso é ser maneiro!”
“Obrigado papai Noel!”
“De nada filho. Ei segurança, tem uma menininha aqui sem camisa”

Se bom é um pé no saco! Pelo menos o moleque aprendeu a ser alguém! Vou pra casa agora. Depois que esse Jack acabar e os charutos também, vou passar o natal lá na casa da minha mãe.

[Um Jack Daniel’s e alguns charutos cubanos depois]

BEHH! BEHH! BEHH!

“Bull! Você veio filho!”
“Não me diga! Pensei ter ficado em casa. Cadê o Peru?”
“Sempre engraçadinho! Junte-se a mesa conosco, chegou na hora da oração. Olha que ta aqui pessoal! Já podemos começar. Bull, que fazer a oração?”
“Eu não sei fazer isso!”
“Então hoje você vai aprender. Pode começar”
“Certo então. Obrigado Deus por nos dar esse natal com peru, Jack Daniel’s e charutos cubanos. Agora meus amigos, peço para que fechem os olhos durante 30 segundos e que em um momento apenas seu, pense em seus desejos para o próximo ano”

[30 segundos depois]

“Amem. Onde ta o Bull?”
“Não sei. Onde ta a comida?”

Adeus Pingapura! Agora sou só eu e a estrada de novo! Quem diria que no banco traseiro do Opala cabia tanta comida...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Capítulo 7 - Pingapura

Não é fácil viver na estrada. É uma vida muito complicada meu chapa, sem falar o quanto é difícil. Bem, estou voltando para minha terra, onde diferente de que muitos pensam não é a mesma de minha ex-esposa, eu morava com ela no inferno e minha terra é o paraíso e como todo paraíso, não é fácil de chegar até lá. Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que todo frentista de posto de gasolina sabe onde fica o lugar que você quer ir. Boas notícias para o cabeça de búfalo: Tem um posto logo em frente.

“Ei rapaz, onde fica Pingapura?”
“Você quis dizer Cingapura?”
“Eu sei o nome da cidade que eu nasci senhor Google”
“Então eu não sei onde fica, me desculpe”
“Mas que merda de frentista é você? Encher o tanque você sabe?”
“Claro que sei”
“Ah vai pro inferno, não é para isso que servem os frentistas!”

Isso sim foi um choque. Não se fazem mais frentistas como antigamente... E eu preciso encher o tanque. Mas existe uma coisa que chama orgulho, meu amigo. Não vou encher o tanque do meu possante em um posto de babacas!

[Quatro horas depois]

Que porcaria de posto é esse que não chega nunca? Deve fazer umas quatro horas que eu to empurrando esse carro! Saiam daqui urubus bastardos! Não adianta... Vou ter que largar o carro. Mas porque diabos eu tinha que beber a gasolina reserva? Chega desse pensamento idiota, não vou largar meu carango.

[42 km depois]

Até que em fim um posto! Um quilômetro a mais eu dava um jeito da arranjar gasolina só pra explodir o carro.

“Ei cara, tem gasolina ai?”
“Desculpe parceiro, só trabalhamos com 100% Álcool”

Espera ai. 100% álcool? Em fim de volta ao lar! Isso só existe em Pingapura!

“Então guarda o carro ai pra mim que vou voltar andando mesmo. O filho prodígio voltou ao lar!”
“Você quis dizer filho pródigo”
“Mas o que o Google faz com as pessoas daqui? Ah foda-se, to indo”

Maldito capitalismo. Isso não importa mais, agora eu só quero voltar para casa, descansar, comer umas batatas fritas do McDonald’s e beber uma Coca Cola.
Eu conheço essa rua. O bar Beber Até Morrer, a Cantina Da Senhora Pinga, Fã club dos Alcoólatras anônimos. Meu Deus, estou em casa! Hey, eu me lembro desse prédio! É aqui que eu moro! Quer dizer, essa é minha casa. Mas que droga, não me lembro o andar, só me lembro que ficava no mesmo andar do Tony Cachaça. Se o porteiro ainda for Manuel, o português, vou ter certeza de que conhece o Tony. Olha lá! É ele sim! Eu não esqueceria essa cara de Bocó nunca.

“Ei Manuel, lembra de mim?”
“Não”
“Sou eu! Bull, o cachaceiro maioral!”
“Não me lembro disso”
“O cara que bateu no teu filho com o extintor de incêndio!”
“Ah sim, esse Bull. O que quer filho?”
“Eu quero saber o andar do Tony Cachaça”
“Ele anda mais ou menos assim”
“Eu não quero saber o jeito que ele anda, imbecil. Quero saber onde fica o apartamento dele”
“Ah sim. No quinto andar”
“Valeu velhote.”
“Ei, você não pode ir subindo assim rapaz!”
“Continua o mesmo palhaço de sempre ein?”
“Mas...”
“Vai se fuder antes que o extintor de incêndio apague seu fogo no rabo”

Porra, eu lembrava que o Manuel era maneirinho, mas não passa de outro bundão idiota. Bem, vamos lá. Quinto andar, número 9. É, do número eu não me esqueço. Foi o máximo de mulheres que eu tracei... De uma vez.
Pronto, aqui estou. Abro a porta, mas não tento acender a luz, a conta não é paga há dois anos. Como eu sei? Tenho esse apartamento há dois anos. Mas tem algo errado. Uma luz lá na cozinha, mas bem fraca. Parece ser de vela. Vou checar.
Ouço algumas risadas. Bem baixas. Alguns sussurros, AH como odeio isso.

“Surpresa!”
“Que diabos vocês estão fazendo aqui?”
“Viemos para comemorar o seu aniversário!”
“Mas quem são vocês?”
“A sua família seu bobinho”
“Bobinho? Que merda de família é essa? E tem mais panacas, meu aniversário foi há três meses!”
“Ficamos te esperando esse tempo todo!”
“Porra, surpreendente. Eu não imaginava que essas velas de bolo durassem tanto”
“Então vamos lá. Parabéns pra você...”
“Parabéns é o caralho. Ninguém vai cantar nada aqui, vão todos embora”

Espera ai, espera ai. O que temos aqui? Puta que pariu que gostosa é aquela ali encostada na parede? Com aquele saiazinha. Cacete, com uma saia desse tamanho da até pra comer ela com roupa. Claro, eu pelado, como sempre.

“Ei garota, quer fazer sexo a noite toda?”
“O que? Essa foi a pior cantada que eu já ouvi!”
“Ah, cala a boca e vem logo antes que eu te estupre”
“Ta, então espera eu passar batom”
“Não vem com essa merda de batom não. Odeio batom no meu pinto. Vamos logo”
“Bull, mas e eu?”

Credo! Olha a baranga que veio falar comigo.

“Desculpa ai não como velhas banguelas”
“Eu sou sua mãe!”
“Muito menos!“

Puta que pariu, eu devo ser adotado com uma mãe baranga dessas. Meu pai não comeria uma dessas nem por caridade. Bem, como o resto do mundo, isso não importa. Tenho que comer uma pessoa e depois agente conversa melhor.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Capítulo 6 – Povo burro

Caramba! Acho que nunca corri tanto na minha vida! O que foi? Não é fácil conseguir dois mil conto! Quando você pagar imposto vai entender. Pelo menos é o que me disseram. Ai eu já não sei, não pago imposto mesmo.
Mas tava na hora já de eu ter um fim de semana gordo! Carango com tanque cheio, alguns maços de cigarro e rosquinhas com Whiskey. Ah, meu prato predileto.

[um fim de semana depois]

Agora é só rodar. Não tenho muita grana, nem rosquinhas e pouca bebida, mas tenho um tanque cheio e dinheiro pra abastecer mais uma vez.
Adoro a vista daqui! Muita fumaça saindo dos carros, das fábricas, dos incêndios... Espera ai. Aquele cara ta pegando fogo? Melhor eu ajudar! Vejamos. Se ele esta pegando fogo, tem um hidrante à aproximadamente 13 metros do local, restarem 30 segundos de vida ao sujeito e eu correr ao hidrante a uma velocidade de 25 km/h eu terei 4,2 segundos para salvá-lo. Ah, que se dane, eu vou embora.

“Socorro, me ajude, por favor!”
“Sai da frente Mané”
“Ajude, por favor!”
“Fala logo, seu fogo da deixando aqui quente pra porra”
“Água! Me de água!”
“Não tenho”
“Passa essa garrafa!”
“Filho da puta! Apaga esse fogo com o Whiskey da tua mãe”
“Whiskey? Ahhh”

Que merda, agora eu vou beber o que? Egoísta do caralho! Odeio gente assim.
Que placa é aquela? ‘Limite de país’, legal, mas em que país eu tava? Sei lá. E não importa também, só importa onde eu estou agora.

“Hey bundão, onde é que eu to?”
"lo que usted quiere, señor?" (o que quer senhor?)
"Senõr? Que porra é essa?"
"No lo entiendo" (eu não entendo)
"Ah, vai se fuder. Como eu falo com o presidente?
"Es un dolor de diente?" (está com dor de dente?)
"É, o presidente"
"Después de la plaza, girar a la derecho" (depois da praça, virando à direita)
“Certo, deixa eu ver se entendi. Depois dela passar, gira-la direito”
“Esto” (Isso)
“Vai se fuder! Não fala nada com nada magrelo de merda”

Povo burro do cacete, nem sabem falar direito! Nem o povo da minha terra é tão burro assim! Falando na minha terra, acho que vou voltar pra lá rever certas pessoas.

domingo, 29 de novembro de 2009

Capítulo 5 – Não necessariamente

Aqui não ta pra mim. Não tenho grana, mas que merda! Talvez seja melhor se eu passar na casa de algum amigo pra me pagar um breja que seja, é melhor que nada. Mas que amigo será que eu tenho? Deixe-me ver... Já sei! O velho Dug, nunca me deixou na mão.

[algumas horas depois]

“Como assim se mudou para não se sabe onde?”
“Desculpe-me senhor, eu apenas comprei a casa”
“Mas que caralho!”
“Olha a boca filho”
“Vai se fuder velho de merda. Espere, que me pagar uma breja?”
“Claro! É sempre bom ajudar ao próximo”
“Não tem como você só me dar o dinheiro e não me acompanhar não?”

Não importa se o velhote gostou de mim ou não, ele me pagou uma breja, gosto 0,1% a mais dele. Mas esse bar aqui é diferente. Nem parece um bar. Por que diabos o velhote me levou em um restaurante de luxo? E depois vem com aquele papo de ajudar o próximo... Que hipócrita da porra!
Bem, pelo menos o saco velho já foi embora e eu ainda to nessa espelunca de luxo. Isso nem é o pior. O pior é ver uns caras que acham que são mulheres, põem o cabelo na frente do olho e choram. Essas franjas são uma merda, o cabelo do meu saco é melhor que essa merda.

“Hey bundão de cabelo liso e cara de gay, me trás outra”

Eu não tenho dinheiro pra outra breja, mas do jeito que o pessoal daqui é marica eles só vão chorar.

“Mais respeito miguxo”
“Miguxo? Que tipo de gay é você?”
“Credo que preconceito”
“Preconceito o caralho. Nem um gay de nível alto fala miguxo”
“Mas eu sou vocalista da banda cover do Nx”
“Eu consigo arrotar o alfabeto. Agora traz a outra breja porra!”
“Respeita o Nx, eles são bons!”
“Bom é uma garrafa de Whisky com vaginas de mulheres mudas, Nx é uma merda”
“Não é não, eles fizeram sucesso!”
“Foda-se! A gravidez da sua mãe foi um sucesso e você é um merda”
“Seu monstro!”

Coitadinho, saiu chorando. Filho da puta! Esqueceu minha breja. Vou ter que ir ao balcão dessa merda buscar outra.

“Ei bundão, me vê outra breja”
“Você que fez o Gi chorar?”

Pouts... Era Gi o nome daquela merda...

“Foi”
“Por quê?”
“Porque eu falei que a gravidez da mãe dele foi um sucesso e ele é uma merda”
“Seu monstro!”
“PUTA QUE PARIU! Vão todos chorar quando eu falar que a gravidez da mãe de todos daqui foi um sucesso e vocês são uns merdas?”

Porra, ta todo mundo chorando. Vai alagar essa merda.

“O que você quer de nós?”
“Vocês merecem uma boa surra para chorarem com motivo. Mas vocês têm alguns trocados?”

[um tempo depois]

Sabe, agora tenho um novo conceito sobre emos. Eu descobri que sempre estive errado sobre eles. Não são gays que choram o tempo todo, eles são gays que choram o tempo todo e te dão muito dinheiro se falar que são uns merdas! Cinco mil pratas xará, da pra viver um bom tempo!

[alguns minutos depois]

“Quanto ficou minha conta ai Joe?”
“Quatro mil novecentos e noventa”
“O QUE? Eu ainda não coloquei gasolina e nem comprei cigarros, caralho Eu, você é um bosta!”
“Desculpa Bull, mas você bebe feito um porco no deserto”
“Certo, ta ai o dinheiro”
“Ta certo?”
“Ta sim, eu vou indo, Adeus Joe”
“Espera ai Bull, ta faltando dois mil aqui!”

Corra, corra, corra, corra, corra para as montanhas, corra por seu fim de semana com gasolina e cigarros!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Capítulo 4 – Madeira!

Bem, tenho alguns problemas. Não tenho mais dinheiro, esse problema vale pelo resto. Sem dinheiro sem bebida, sem gasolina, sem cigarros, sem rapidinhas, sem hotel. Ou seja, vou ter que fazer o que qualquer pessoa normal faria: Roubar.
Ah, qual é Bull? Roubar? Isso é coisa de marica armado! E você não é nenhum dos dois! Vamos! Pense, pense! É tão difícil assim arranjar uma forma de ganhar dinheiro?
“Ei você!”
“Desculpe senhor, estou atrasado para o trabalho”

Malditos bundões sem tempo de me ajudar. E o pior: essa merda de cidade tem um porrada de placas e nenhuma serve! Só placas do tipo “procura-se garçom”; “vagas para manobristas”; “funilaria e pintura, precisa-se de ajudante”; “Sem dinheiro? Sem gasolina? Sem cigarros? Arranje um emprego!”
É. Não vou conseguir dinheiro. Não tem nenhuma solução. O jeito é voltar para qualquer lugar.
“Espere ai, Bull?”

Era só o que me faltava, alguém que me conhece.

“Onde? Ele me deve dinheiro!”
“É você mesmo Bull! Há quanto tempo parceiro!”
“É mesmo. George certo?”
“Eusébio Aragão”
“Foi o que eu disse!”

Puta que pariu, por que todo mundo que eu conheço tem que ter um nome que nem cachorro queria ter?

“Foi bom te ver cara, mas já vou indo, tenho um concurso de lenhador daqui a pouco, vai render uma nota preta”
“Não me diga! Onde é mesmo?”

[Algum tempo depois]

“Sejam bem vindos à última etapa do terceiro encontro de lenhadores. Hoje será a final entre o nosso bicampeão Décio Machado contra Eusébio Aragão. Um momento, Eusébio? Você está diferente”

“É que... Eu... cortei o cabelo”
“Estranho, ele parece maior”
“É assim que eles fazem na... Dinagoslávia”
“A onde?”
“País novo, você não deve conhecer”
“Então tudo bem, em 5 minutos, começaremos os jogos!”

Cara chato do inferno. Eu aqui me passando por alguém que chama Eusébio e ainda tenho que dar satisfações...

“Daremos inicio então a prova! Em duas horas, quem cortar mais arvores, vence! Valendo”

Essa vai ser fácil. Esse velhote não vai bater o maioral dos lenhadores. Vamos lá, Corta, corta, corta cai. Corta, corta, corta, cai. Como será que ta se saindo o fóssil remasterizado? Ah, olha só, ta descansando, é um bundão mesmo. Corta, corta, corta, cai. Corta, corta, corta, cai.

[Duas horas depois]

“Agora parem os dois! Vamos ver os resultados. O Senhor Décio derrubou trinta e cinco árvores. Meus parabéns o novo recorde! Agora vejamos o senhor Eusébio. Meu Deus! É surpreendente! Ele conseguiu derrubar duas árvores! Foi o pior resultado que eu já vi!”
“O QUE? Isso é impossível! Sempre que eu olhava o saco velho ai ele tava sentado! Me passaram a perna!”
“Não meu filho, não foi isso”
“Cala a boca e Décio Machado no teu pinto, idiota”
“Não filho, todas as vezes que você me via sentado eu não estava descansando, e sim amolando meu machado”
“Amola isso então!”
“Senhor Eusébio, você está desclassificado por nudez!”
“Cala a boca antes que alguma arvore vá parar no seu rabo!”

[Algum tempo depois]

“Bull, meu filho, você não sai desse hospital!”
“Desculpe doutor, eu achava que a arvore cabia no rabo desse tagarela medíocre”
“Cuidado com o palavreado no hospital Bull!”
“Desculpe doutor, no rabo desse senhor”
“Ai ai, que seja, mas agora cabe um trem Bull”
“Então eu vou embora antes que ele peide”

Posso ter dado uma lição pra aquele marica, mas eu preciso de dinheiro ainda. Puta que pariu, capitalismo é uma merda! A onde fica Cuba?

domingo, 15 de novembro de 2009

Capítulo 3 – O diário





Enfim livre, agora com meu Opala na mão tudo vai ficar melhor! Yeah! Rock ‘n Roll Baby!
A estrada nunca me pareceu tão livre. È tudo fantástico, e melhor ainda, os bares de beira de estrada são fodas! Bem, eu só tenho vinte mangos, mas da pra alguma coisa. Estaciono o poderoso Opala e entro no bar, peço o cardápio e dou uma olhada nas bebidas.
- Cerveja – R$ 5,00
- Whisky – R$ 12,00
- Rum – R$ 25,00
- Gim – R$27,00

“Essas merdas não tem marca?”
Não pude conter o grito ao ler aquilo, foi o pior cardápio que eu já vi! Além de ser muito caro não tendo marca... Mas sentindo uma leve brisa de vento, viro para traz e vejo uma puta gostosa entrando no bar, com cabelos castanhos e peitos enormes! Meu Deus, ela tem mais peito que um emo viadagem.
“Hey, está quente aqui ou é só você?”
Não me contenho em soltar essas lindas palavras poéticas que aprendi com meu pai.
“O que?”
“Nada não. Qual seu nome?”
“Yzie
“O QUE? QUE NOME DE PUTA JAPONESA!!”

Todos têm seus defeitos...

“O que?”
“Você é surda caralho? Por que toda gostosa é burra que nem uma porta?”
“Richard, Richard!!”

Geralmente essa é o momento que fode. Existem três opções. Ou eu dou uma surra no cara e estupro a gostosa burra, ou eu levo uma surra do cara e sou estuprado por ele, ou eu levo uma surra dela e estupro o cara.

“O que foi Yzie?”
“Richard! Esse cretino ficou me ofendendo”
“Deixe pra lá, não passa de um bêbado”

Credo, que bixinha. Vou ter que incluir essas nas opções, foi inédita. Calma ai, o que é aquilo? O cara derrubou um livro no chão. Deve ser Crepúsculo, pelo jeito que ele foi bixa.
Bem, eu vou até o livro, por curiosidade mesmo e leio sua capa: “Diário De Richard Eagle”.

“O QUE????? QUE GAY!!!!”

O cara tem um diário! Que menininha. Aquela gostosa deve ser irmã dele. Bem, vamos ler essa merda.

“Querido Diário, hoje eu fiquei me culpando porque eu fui fraco. Depois eu fui para um hotel em que eu falei meu nome sem orgulho nenhum. Depois, fui à casa do meu velho amigo Gregório, para tomarmos um chá. Daí ele me deu de presente uma moto para eu andar quando tiver triste. Bem, eu sempre estou triste.”

Fala sério! A única conclusão que eu tiro disso é a seguinte: Ele é irmão da peituda, só pode ser!
Bem, então eu faço algumas correções no diário e vou fora do bar.

“Ei você, isso aqui caiu”
“Ah, obrigado”
“E a propósito, os peitos da sua irmã são de verdade?”
“Vamos embora Yzie”

[Um tempo depois]

“Eu sei que ele é um idiota, mas pelo menos devolveu seu diário não é Richard?”
“É, tem razão vou dar uma lida ver se ele rasgou alguma coisa”

“Querido livrinho Gay, hoje eu fiquei metendo o pau em mim mesmo porque fui gay. Depois fui para um puteiro em que eu fiquei com vergonha de falar meu nome porque eu sou gay. Depois fui à casa do puto do Gregório que me devia dinheiro, então peguei sua moto e fiquei triste, porque sou gay.”

“Que cara é essa Richard? Ele rasgou?”
“Cala a boca e vamos embora sua peituda”

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Capítulo 2 - Encontro Com O Demônio

Aquele hospital era uma merda e eu fui bem grosseiro, mas o doutor não precisava ter falado daquele jeito comigo. Um dia ele vai me ver de novo e eu vou mostrar o que é bom! Bem, onde eu deixei meu opala mesmo? Ah sim, lá no bar do Joe, mas vou pra casa andando.
Silêncio. Tem alguma coisa errada nesse lugar. Cadê as viaturas? As sirenes? O FBI? Vou entrar o mais quieto possível nessa joça.
A porta esta meio empoeirada, acho que ninguém meche nessa fechadura a dias! Rodo-a bem devagar e a porta faz um barulho bem sutil.
“Onde você ficou esse tempo todo seu vagabundo ordinário?”
Meu Deus! Errei de casa e vim pra casa do capeta! Que merda, essa é mesmo minha casa e essa é mesmo minha mulher, Jubiléia Carrasco.
“Eu estava viajando a negócios”
“Você está desempregado seu imprestável!”
Ela podia me xingar menos, mas o que me dói é saber que sou casado com uma mulher que tem mais barba que eu, mas acredite, ela nem sempre foi assim, além de que eu devia estar bêbado desde de o dia em que comecei meu noivado com ela até o dia que me casei.
“Vá tomar um banho que você está cheirando porco! E depois coloque essa roupa que nós vamos ao aniversário do filho dos Harison’s”
“O que? Eu não vou pra merda de aniversário nenhum, nem que você me peça pelada (Não que ela tenha alguma coisa para mostrar). Minha vida é minha e eu tomo as decisões por aqui!”

[um pouco mais tarde]

“Parabéns para o Michael, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!”
“Que o Michael se foda, nessa vida maldita, e com muitos revolveres, que tirem sua vida”
“Falou alguma coisa Bull?”
“Não, nada”

Odeio aniversários! Ainda mais dessas merdas de crianças. Está na hora de eu fazer o que sempre quis fazer. Vou ser livre! As estradas proclamam o meu nome, o dia do acerto de contas chegou.
Vou até a mesa de Jubiléia, dou um leve toque em seu ombro. Ela se vira e eu acerto um cruzado de direita matador na ponta do seu focinho. Ela cai desesperada, eu posso ver isso.
“Está tudo acabado sua vadia”
Os olhos dela ficam vermelhos, parece ser sangue. Não, meu Deus, tenho que parar de beber, aquilo são chifres na cabeça dela?
“Brincadeira amor!”
Ela vai me matar! Eu não sabia que tinha razão quando dizia que ela era o demônio! Tenho que fugir! Cadê meu carro? Onde é a saída? Argh!!

[na manha seguinte]

“Ai minha coluna, o que aconteceu comigo? Por que eu to no chão? Isso é o inferno?”
“Não Bull, você levou uma cadeirada na cabeça”
“Aquela vaca me paga! Quem é você?”
“Jucilei”
“Que nome de bosta, parece o da vadia da minha mulher”
“é que eu sou irmão dela, idiota”

Vejo apenas o punho do cara de nome estranho pra cacete chegando perto da minha cara, então é melhor eu desviar. Argh!

[3 horas depois]

“Eu falei que era pra você ficar aqui Bull”
“Porra doutor, eu não sabia que eu tinha o inferno na minha casa”
“Não Bull, na casa de Jubiléia”
“Como assim?”
“Ela entrou com um processo contra você, tirou tudo que você tem, sorte sua ainda estar com roupas”
“Eu não estou mais casado?”
“Não Bull, sinto muito”
“ESSE É O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA!”
“Aonde você vai Bull?”
“Pega o meu Opala e sumir por ai”

Consegui a liberdade. Saiu tudo como o planejado. Sorte de o meu carro estar no Bar do Joe, a Jubiléia nunca soube que eu ia pra lá. A estrada agora vai sentir meu bafo de cerveja de perto!

domingo, 8 de novembro de 2009

Capítulo 1 - Cartas e Documentos em Grego

“Trocar tudo por um desejo de nada não é uma coisa boa. Melhor seria se eu tivesse pensado assim antes de abandonar tudo o que me disseram ser certo por ódio ao que chamamos de Sistema. Engraçado não é? Todos dizem que não gostam do sistema e que são contra e mais um monte de baboseiras. Bem, eu não gosto e simplesmente o abandonei com a ajuda de um violão, um Mustang 66, alguns trocados e charutos cubanos. Um erro leva o outro no caminho em que tomei. Eu poderia ter me envolvido com o tráfico, assassinatos, estupros e foi isso que eu fiz. Mas não tirem conclusões precipitadas sobre mim, eu não chegaria a esse nível tão baixo, apenas tentei combater esse tipo de coisa, só que em todos os casos eu levei uma surra e descobri que cabeludos barbados já não assustam mais ladrões armados. Isso não acontecia em quadrinhos da Marvel e a propósito, nunca deixe seu filho ler quadrinhos de heróis sem poderes que batem em todo mundo, eles podem virar algo parecido com isso que vos fala.”

Minha mente é um pé no saco! Fica com essas frescuras de tentar me dar lições de moral enquanto eu poderia sentir o vento e o aroma de ratos mortos no caminho para o bar do Joe. Não é um Saloon, muito menos um Pub, mas olha pra mim meu chapa, pareço poder freqüentar sequer um restaurante?

Chego ao Bar, estaciono meu Opala por perto. É isso mesmo que você ouviu. Meu Opala. Se eu mal posso comprar sabão para lavar minhas cuecas também não posso ter um Mustang 66.

Entro na espelunca do Joe, se é que isso chega a ser uma espelunca, e olho em volta (como se eu não viesse aqui todo dia) e vejo marcas de gordura do teto, graxa da mão dos borracheiros nos talheres e sangue no chão. Bem, esse sangue era do velho Bill que derrubou a minha cerveja, mas essa é outra história. Me aproximo do balcão e peço a Joe o de sempre. Ele me diz que acabou e com um tom grave e imponente eu berro “Como acabou a Breja?” é o jeito que meu tio de interior falava cerveja, e não me importa, eu queria um Jack Daniel’s, assim como eu queria uma Harley Davidson, um violão com todas as cordas, uma casa com tetos sem furos, um soco inglês, uma esposa sem bigode e um hotel na Califórnia.

“Desculpa-me Bull, mas acabou”. As palavras calmas do filho da puta me deixaram irritado e digo com todo o ódio do mundo “é melhor me trazer a minha breja Joe! Sabe porque me chamar de Bull Búfalo Head?”

“Não, por quê?”

O desgraçado me pegou. Eu não fazia idéia porque me chamavam assim.

“Cala a boca e traz a breja!”

“As coisas não funcionam assim por aqui Bull e você sabe disso! Ou pede outra coisa ou vai ter que se retirar!”

“e quem vai me tirar daqui?” Ouço sons obscuros como um raio passando pela porta atrás de mim. Eu escuto, analiso, olho e vejo dois moleques magrelos e fedorentos parados olhando pra mim.

“esses dois maricas vão vir me tirar daqui?”

[Um tempo depois]

“Quando eu vou ter minha alta, doutor?”

“Quando os ferimentos cicatrizarem Bull”

Bando de desgraçado! Porra, como é que eu ia saber que eram anões? A sinalização dessa cidade é uma merda!

“Porra doutor, larga a mão de ser bundão e me deixa sair logo dessa merda!”

Diante dos elogios que fiz ao seu consultório o doutor me mandou para o inferno.

“Certo Bull, vá para casa”