quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Capítulo 7 - Pingapura

Não é fácil viver na estrada. É uma vida muito complicada meu chapa, sem falar o quanto é difícil. Bem, estou voltando para minha terra, onde diferente de que muitos pensam não é a mesma de minha ex-esposa, eu morava com ela no inferno e minha terra é o paraíso e como todo paraíso, não é fácil de chegar até lá. Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que todo frentista de posto de gasolina sabe onde fica o lugar que você quer ir. Boas notícias para o cabeça de búfalo: Tem um posto logo em frente.

“Ei rapaz, onde fica Pingapura?”
“Você quis dizer Cingapura?”
“Eu sei o nome da cidade que eu nasci senhor Google”
“Então eu não sei onde fica, me desculpe”
“Mas que merda de frentista é você? Encher o tanque você sabe?”
“Claro que sei”
“Ah vai pro inferno, não é para isso que servem os frentistas!”

Isso sim foi um choque. Não se fazem mais frentistas como antigamente... E eu preciso encher o tanque. Mas existe uma coisa que chama orgulho, meu amigo. Não vou encher o tanque do meu possante em um posto de babacas!

[Quatro horas depois]

Que porcaria de posto é esse que não chega nunca? Deve fazer umas quatro horas que eu to empurrando esse carro! Saiam daqui urubus bastardos! Não adianta... Vou ter que largar o carro. Mas porque diabos eu tinha que beber a gasolina reserva? Chega desse pensamento idiota, não vou largar meu carango.

[42 km depois]

Até que em fim um posto! Um quilômetro a mais eu dava um jeito da arranjar gasolina só pra explodir o carro.

“Ei cara, tem gasolina ai?”
“Desculpe parceiro, só trabalhamos com 100% Álcool”

Espera ai. 100% álcool? Em fim de volta ao lar! Isso só existe em Pingapura!

“Então guarda o carro ai pra mim que vou voltar andando mesmo. O filho prodígio voltou ao lar!”
“Você quis dizer filho pródigo”
“Mas o que o Google faz com as pessoas daqui? Ah foda-se, to indo”

Maldito capitalismo. Isso não importa mais, agora eu só quero voltar para casa, descansar, comer umas batatas fritas do McDonald’s e beber uma Coca Cola.
Eu conheço essa rua. O bar Beber Até Morrer, a Cantina Da Senhora Pinga, Fã club dos Alcoólatras anônimos. Meu Deus, estou em casa! Hey, eu me lembro desse prédio! É aqui que eu moro! Quer dizer, essa é minha casa. Mas que droga, não me lembro o andar, só me lembro que ficava no mesmo andar do Tony Cachaça. Se o porteiro ainda for Manuel, o português, vou ter certeza de que conhece o Tony. Olha lá! É ele sim! Eu não esqueceria essa cara de Bocó nunca.

“Ei Manuel, lembra de mim?”
“Não”
“Sou eu! Bull, o cachaceiro maioral!”
“Não me lembro disso”
“O cara que bateu no teu filho com o extintor de incêndio!”
“Ah sim, esse Bull. O que quer filho?”
“Eu quero saber o andar do Tony Cachaça”
“Ele anda mais ou menos assim”
“Eu não quero saber o jeito que ele anda, imbecil. Quero saber onde fica o apartamento dele”
“Ah sim. No quinto andar”
“Valeu velhote.”
“Ei, você não pode ir subindo assim rapaz!”
“Continua o mesmo palhaço de sempre ein?”
“Mas...”
“Vai se fuder antes que o extintor de incêndio apague seu fogo no rabo”

Porra, eu lembrava que o Manuel era maneirinho, mas não passa de outro bundão idiota. Bem, vamos lá. Quinto andar, número 9. É, do número eu não me esqueço. Foi o máximo de mulheres que eu tracei... De uma vez.
Pronto, aqui estou. Abro a porta, mas não tento acender a luz, a conta não é paga há dois anos. Como eu sei? Tenho esse apartamento há dois anos. Mas tem algo errado. Uma luz lá na cozinha, mas bem fraca. Parece ser de vela. Vou checar.
Ouço algumas risadas. Bem baixas. Alguns sussurros, AH como odeio isso.

“Surpresa!”
“Que diabos vocês estão fazendo aqui?”
“Viemos para comemorar o seu aniversário!”
“Mas quem são vocês?”
“A sua família seu bobinho”
“Bobinho? Que merda de família é essa? E tem mais panacas, meu aniversário foi há três meses!”
“Ficamos te esperando esse tempo todo!”
“Porra, surpreendente. Eu não imaginava que essas velas de bolo durassem tanto”
“Então vamos lá. Parabéns pra você...”
“Parabéns é o caralho. Ninguém vai cantar nada aqui, vão todos embora”

Espera ai, espera ai. O que temos aqui? Puta que pariu que gostosa é aquela ali encostada na parede? Com aquele saiazinha. Cacete, com uma saia desse tamanho da até pra comer ela com roupa. Claro, eu pelado, como sempre.

“Ei garota, quer fazer sexo a noite toda?”
“O que? Essa foi a pior cantada que eu já ouvi!”
“Ah, cala a boca e vem logo antes que eu te estupre”
“Ta, então espera eu passar batom”
“Não vem com essa merda de batom não. Odeio batom no meu pinto. Vamos logo”
“Bull, mas e eu?”

Credo! Olha a baranga que veio falar comigo.

“Desculpa ai não como velhas banguelas”
“Eu sou sua mãe!”
“Muito menos!“

Puta que pariu, eu devo ser adotado com uma mãe baranga dessas. Meu pai não comeria uma dessas nem por caridade. Bem, como o resto do mundo, isso não importa. Tenho que comer uma pessoa e depois agente conversa melhor.

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