sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Capítulo 9 – Lemmy Fuckin Head

Eu como pra caralho. Mas até que aquela comida de natal demora para acabar. Pra você ter noção, faz uns 10 minutos que eu to rodando com uma coxa de frango, peru, pato ou qualquer outra pássaro natalino, na boca.
Isso não quer dizer que a comida esteja ruim, mas... A quem estou tentando enganar? Isso ta horrível! E não consigo tirar essa coxa da minha boca. Deve ter travado em algum dos buracos dos dentes que perdi no show do Motorhead.
Puta que pariu! Aquele dia foi foda! Eu subi no palco e disse pro Lemmy “Hey idiota, você pode ser foda, mas eu sou mais”, daí ele disse “Orgasmatron”, ou alguma coisa assim. Daí eu falei “O que? Ta me chamando de mulher?”. Eu fiquei puto na hora, me chamar de mulher já é foda, ainda mais tendo um Orgasmo pra um tal de Ton. Malditas gírias. Então eu fui dar uma porrada nele e o baterista gritou “seu covarde, luta de igual pra igual”. Bem, o Lemmy era muito pequeno, desdentado e tava segurando um baixo, enquanto eu sou gigante, tinha dois socos ingleses (na mesma mão) e todos os dentes. Então eu falei “Sem problemas”, arranquei um dente e dei uma porrada no Lemmy. Os fãs foram à loucura! Fui dar um mosh* e todos saíram. Eu cai de cara no chão e comecei a levar porrada de todo mundo do show, daí eu pensei “caralho, se eu for lutar de igual pra igual eu to fudido! Quantos desdentados não tem aqui? Eu vou ficar devendo dentes!”, então segui o carinha da água, e fugi. Bem, admito que fui muito inteligente, porque ninguém olha pro carinha da água no show do Motorhead. Se eu tivesse seguido o da cerveja eu tava morto!
*Mosh = Movimento foda do arsenal de um roqueiro, em que ele pula no publico que fica segurando ele com as mãos (óbvio)
Já sei o que eu vou fazer. Vou no show do Motorhead de novo! Daí eu peço desculpas pro Lemmy e roubo o baixo dele. E daí eu já resolvo outro problema também: Gasolina. Eu roubo algum carinha que vende cerveja e encho o tanque. Se da certo eu não sei, mas não custa tentar, afinal, eu vou roubar, não comprar.

[Algum tempo depois]

“Como assim os ingressos estão esgotados?”
“Eles acabaram”
“Eu sei o que é esgotar, sua porca capitalista de merda”
“Mas eu só to trabalhando, senhor”
“Ta, para de chorar e me da um ingresso”
“Mas eles acabaram, senhor”
“Você está me irritando”
“Eu vou chamar o segurança!”
“Por quê? Ele tem ingressos?”
“Segurança!”

[Pouco tempo depois]

“Mas eu só queria um ingresso, doutor”
“Pelo visto queria mesmo ein Bull?! Mas faz tempo que não te vejo por aqui, por onde andou depois do divórcio?”
“Bem, eu bati em emos, roubei eles, roubei minha família, roubei o Eric, ou Fred, sei lá, virei papai Noel, falei com um cara de língua estranha, conheci um segurança e aqui estou”
“Sua vida é bem agitada ein Bull?”
“É porque você não me viu traçando alguém!”
“Seria emocionante ein?!”
“Acha mesmo? Olha só. Enfermeira! Vem aqui”

[Instantes depois]

“Como se sentiu doutor?”
“no Xvideos”
“Eita vida de punheteiro ein doutor? To indo, até”

Até que gosto do doutor, mas gosto mais da enfermeira. Bem o que eu queria mesmo? Claro! Ingressos. Droga, o show começa em duas horas, ninguém vai me vender um ingresso, só entraria se fosse sem um... Hehe, boa idéia.

[Duas horas depois]

“Você por acaso não é o mesmo segurança da bilheteria né?”

Droga! Esqueci que seguranças não falam. Deixe-me ver... Ventilação: muito pequena. Porta dos fundos: Muito longe. Telhado: Muito alto. Cambista: Muito caro. Já sei qual é o caminho mais fácil. Eu espero o carro da banda chegar, seqüestro o baterista, pego suas baquetas e entro junto com a banda! Ninguém vai perceber!

[Tempo do caminho da casa da mãe do Lemmy (que a banda parou para dar um Alô) até o show depois]

“Espera ai Lemmy, antes de entrar eu tenho que dar uma parada pra mijar”
“Vai lá Mikkey*”
* Mikkey Dee é o baterista do Motorhead

Yeah! Eu sabia que ele ia parar pra mijar, sempre fazem isso!

“Hey, você é Mikkey Dee?”
“Sim, sou eu”
“Então, tem uma banda que vai dar um show em... é... Embu-guaçu daqui a algumas horas e tão precisando de um batera cara”
“Eu não preciso, sou do Motorhead”
“Cara, a banda é muito maior!”
“Ah é? Quem são?”
“São... é... os Batuqueiros da Santa Bateria de Whiskey e Gostosas”
“O que? Não conheço... E só toco em banda de Metal”
“É que eu não falei o nome inteiro! É Batuqueiros da Santa Bateria de Whiskey e Gostosas de Metal”
“Gostosas de Metal? To fora cara”
“O Cachê é de 300 mil pratas”
“Onde que fica?”
“Embu-guaçu, procura no Google maps que você acha. Ah, e deixa suas baquetas comigo, lá eles te dão outra de adamantium”
“Adamantium? Achei que esse metal só existia no Wolverine”
“Então, ele é o guitarrista”
“Ata, toma as baquetas e valeu ein!”
“De nada”

Babaca! Acredita em tudo. Todo mundo sabe que Embu-guaçu não existe! Agora vou entrar. Onde que é? Ali! O Cara ta deixando a banda entrar.

“Lemmy: Certo; Phill Campbell*: Certo; Mikkey Dee: Certo... Espera ai, quem é você?”
“Sou o Mickey Mouse”
“O Mickey Mouse?”
“É, baterista do Motorhead”
“Ah, o Mikkey Dee”
“É, isso mesmo”
“Mas você não parece com ele”
“Mas eu tenho as baquetas”
“Certo, pode entrar”

*Phill Campbell é o guitarrista do Motorhead

To dentro. Agora vou falar com o Lemmy no camarim.

“Hey Lemmy”
“Você! O cara que me deu um soco no show de 1989!”
“Bem, eu só... Boa memória ein?”
“Eu te mato desgraçado!”

[Continua]